Tuesday, March 20, 2007

ABECEDÁRIO 2006 ( I )

O ano de 2006 pode ser apresentado em várias versões. Escolhemos a “fórmula” de A a Z como sistemática, simples e concisa. Em cada letra escolhemos as pessoas, os factos ou as personagens quanto a nós mais significativas.

AApito Dourado. Um dos mais mediáticos processos judiciais, no qual se revelou o que há de mais patético, tosco e provinciano em Portugal.

B1Bagdad. A cidade mais incendiada, aterrorizada e traumatizada em 2006. Milhares de mortos incluindo soldados americanos. O desaparecimento da mão ditatorial de Saddam Hussein veio a revelar o extremismo árabe na sua dupla condição sunita e xiita. O terror ao alcance de todos, o “Viva la muerte!”.

B2 Blair. Adorei a derrota de Tony Blair na questão dos bilhetes de identidade. Os ingleses tal como, aliás, os norte-americanos, continuam a rejeitar esse emplastro calunioso para a democracia. Em Portugal, espera-se o proto – fascismo do novo cartão de identificação, no qual só falta vir o número da cueca. Não me apetece usá-lo, já que por ele me sinto insultado.

CCavaco Silva. O novo Presidente da República tem surpreendido tudo e todos. A forma como interpreta o lugar presidencial, a convivialidade com o governo, as posturas públicas a favor da inclusão social, etc. fazem de Cavaco Silva um Presidente que tem conquistado os críticos mais empedernidos, nos quais eu me incluo.

DDurão Barroso. O Presidente da Comissão Europeia tem-se mostrado demasiado discreto, politicamente correcto por excesso, dele se podendo dizer que de Barroso “nada de novo”. Refugiado em Bruxelas não se redimiu da medíocre governação como primeiro-ministro de Portugal. Esperamos melhorias em 2007.

E“Expresso”. O jornal dirigido por Henrique Monteiro soube sobreviver ao seu recém oponente “O Sol”, reinventando, inclusive, o formato de jornal e algum arrojo jornalístico. Não perdendo a sua identidade, o “Expresso” está aí para ficar em 2007.

F Futebol. A notável prestação da selecção nacional no Mundial de 2006 tornou-se motivo de orgulho para os portugueses. Lamento, em todo o caso, e sabendo-me em minoria, as ridículas declarações de Scolari, as quais misturam, num pot pourri delicioso, Nossa Senhora de Caravaggio, crendice vagabunda mais pretensão popular e populista. Esta personagem, gaúcha de origem, aquando das suas declarações públicas, não deveria ultrapassar a picanha ou o rodízio à brasileira.

G1Gore. Al Gore surpreendeu tudo e todos com a sua explosiva escrita sobre o ambiente. Eu, que sobre os verdes apenas temo conseguirem levar a couve portuguesa a primeiro-ministro, nesta matéria tenho de tirar o chapéu ao ex-vice presidente norte-americano. Pôr o dedo na ferida implica coragem, lucidez e capacidade para suportar as inevitáveis controvérsias suscitadas pelas suas declarações.

G2Gato fedorento. O mais notável e criativo programa de televisão em 2006. Um tónico para o baixo nível do espaço televisivo português.

HHolanda. O único país com um verdadeiro partido liberal. As causas “fracturantes” o discurso do passadista e decrépito bloco de esquerda (hamburguer com sabor maoísta, temperado com molho Trotsky) pertencem todas elas ao partido liberal holandês. Da eutanásia à liberalização das drogas leves, ao aborto, à união entre homossexuais, etc. Uma vez mais se vê o provincianismo nacional que faz destas questões, questões de esquerda. Citando Jorge Palma “deixa-me rir…”.

I1Irão. O insuportável como regímen de estado. A mentira histórica levada ao seu ponto mais caricato, contida na afirmação de que o holocausto nunca existiu tratando-se, tão só, de uma “invenção” judia. Nem Hitler se atreveria a tanto, já que lhe chamou “solução final”. Final é também o presidente iraniano que pretende omnipotentemente ameaçar o mundo à custa do urânio tão empobrecido como as funções cognitivas do cavalheiro. A república islâmica xiita, “xia” de desgosto face à desertificação de todo o pensamento que não seja o oficial.

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